O QUE MEDEM AS MEDALHAS?
O QUE MEDEM AS MEDALHAS?
Quantas mais medalhas, mais o quê?
O que medem as medalhas e as condecorações?, os diferentes tipos de medalhas e as variedades de condecorações?
Haverá uma métrica, um sistema de medição e de unidades de medida, para a atribuição de medalhas e condecorações? Ou é um exercício arbitrário, isto é, o critério da atribuição é a arbitrariedade (não confundir com aleatoriedade!)?
O que mede o número de medalhas de alguém e o número de medalhas distribuído pelo poder instituído*?
Por exemplo, no desporto e nas competições desportivas, os critérios de atribuição de medalhas são geralmente compreendidos e aceites (aceitos, em brasileiro). Fora destes meios a atribuição de medalhas poderá ser um processo polémico.
A oligarquia, endogamicamente, medalha-se a si própria; todavia, às vezes, medalha alienígenas de outros estratos politico‑socio‑económicos.
Há medalhas e condecorações dadas, e medalhas e condecorações retiradas: resultado de avaliações (medições) mal feitas?! Afinal, as medalhas e as condecorações medem o quê?
Ele há medalhinhas, medalhas e medalhões**. Umas e outros são distribuídos frequente e regularmente nas empresas, nas instituições e no Estado***. Com elas, por vezes também iam títulos nobiliárquicos: fidalguia pronta‑a‑exibir.
Antigamente, alguns dos títulos atribuídos eram títulos nobiliárquicos: por exemplo, o título de barão, um título corrente e frequente em certas épocas. A coisa chegou a ser tão banal, popular e endémica que, por exemplo, Almeida Garrett, referindo-se ao fenómeno de maneira irónica, chegou a avisar: Foge cão que ainda te fazem barão. (Ele próprio terá sido feito barão!)
Mas, para onde, se me fazem visconde?, interrogavam-se os cínicos; e com que avaliador, se ainda me fazem doutor?!, indagam os impertinentes contemporâneos.
Quantas mais medalhas e condecorações, mais o quê?
Há medalhas que são atribuídas quando o candidato atinge ou chega ao fim do respetivo prazo de validade, do limite de idade, ou do limite do tempo de serviço, ou outro marco temporal especial, mesmo que o seu desempenho tenha sido mediano, medíocre ou doloso, e mesmo que a sociedade em geral – se for caso disso –, ou a coletividade local, não lhe reconheçam mérito (especial) algum.
Fora do desporto, quem é que liga ou dá importância às medalhas? E, em geral, o que mede a quantidade de medalhas (militares, desportivas, económicas e outras)?
* Ser condecorado pelos vossos Presidentes da República não é currículo é cadastro, dizia um estrangeiro (maldoso?).
** Aparentemente ainda haverá a medalha do desdém: a medalha de cortiça.
*** Em Portugal, o Estado atribui regularmente condecorações, entre outras, através da Ordem do Mérito. Há quem pense que poderá ser um processo de autoatribuição de mérito que a elite, em geral, e a oligarquia em particular, faz a si própria.
E até os papas – Suas Santidades –, por vezes, se fazem santos uns aos outros.
2019‑06‑06