MÉTRICAS EM TRÍADAS
MÉTRICAS EM TRÍADAS
Perceção de intensidades
“Um, dois, três, foi a conta que Deus fez”, é um provérbio popular português.
Aparentemente, o “pequeno”, o “médio” e o “grande” poderiam ser o primeiro nível da quantificação da intensidade, ou do “tamanho” de uma grandeza, ou, mais correntemente, de entidades e conceitos que ainda não são grandezas mensuráveis*, mas hierarquizáveis por tamanho, valor ou intensidade (ainda que aparentes). Contudo, são comuns as diferenças de opinião de diferentes estimadores, avaliando um uma entidade (grandeza) como “grande” e outro avaliando a mesma entidade como, por exemplo, “média”!
Quando se fala de felicidade, com frequência, são citados três escalões: “muito feliz”, “feliz” e “pouco feliz”! Ou variantes como, “felicíssimo”, “feliz”, “infeliz”, ou até desinfeliz, entre outras.
E a morte por doença é frequentemente classificada, por exemplo, nos obituários, segundo três tipos, ou categorias: “doença súbita”, “doença” e “doença prolongada”! (Todavia, hoje, morre‑se, nas notícias, de paragem cardiorrespiratória!) E até as queimaduras corporais são de grau 1 a 3.
As tríadas/tríades são correntes em outras perspetivas, contextos e situações; basta lembrar, por exemplo: os triunviratos, as troicas e as trindades.
O céu, o inferno e o purgatório – uma trilogia – presumem depósitos de almas de três qualidades, ou três tipos, cujo destino seria determinado por padrões (?) de comportamento dos corpos: os bons, os maus e os “indeterminados” (ou em “processo em curso”; hesitações de Deus?).
Quando se diz que “um homem menor não aguentaria 1/3 do que o político X aguentou” está subjacente uma métrica tripartida, presume‑se, de um determinado tipo de resiliência e de três tipos de homem: “o homem menor”; “o homem assim‑assim” e o “homem maior”, que aguentaria três vezes mais do que o “menor”.
E nos campos da ciência e da técnica, é de assinalar: o espaço 3D**, o tripé e o triângulo, todos com relevâncias conhecidas e reconhecidas.
Um júri com três elementos (ou outro número ímpar de elementos) não poderá empatar as decisões.
O rosário (contas enfiadas em formato de colar), usado, por exemplo, pelos fieis da igreja católica, constituído por um conjunto de três grupos de “contas”, é geralmente abreviado pelo “terço”, exatamente um terço das “contas” do rosário, quer como objeto, quer como “tamanho” da oração ou reza.
Mas, porque dizemos “não falo sobre a minha vida com terceiros!”, quando só queremos dizer “com outros” (“com segundos”)?!
* Este critério estende-se a outros domínios e circunstâncias: o curto, o médio e o longo prazos; o princípio, o meio e o fim; o primeiro terço, o segundo e o terceiro terços de um conjunto relativamente a propriedades do mesmo (conjunto). (Ainda há poucos anos, alguns povos ditos “primitivos” tinham bases de sistemas de numeração simples: “um, dois, três, muitos”.)
** Nas máquinas de comando (e controlo) numérico (CN – Comando Numérico – ou CNC – Comando Numérico Computadorizado), era frequente ouvir‑se referências a máquinas de dois eixos … e meio (2,5D), máquinas com programação automática em dois eixos (2D) – ou dois graus de liberdade – e programação manual no terceiro eixo.
Desde há bastante tempo são correntes e comuns as máquinas automáticas com mais do que três graus de liberdade (seis, sete e mais dimensões).
(Einstein, reinterpretando a Física, veio baralhar um pouco as coisas com o modelo do espaço físico 4D. Todavia, quanto a ferramentas úteis, qualquer dimensão é aceitável e lícita – o significado metafísico é outra estória.)
2022-06-23