Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Medidas e medições para todos

Crónicas de reflexão sobre medidas e medições. Histórias quase banais sobre temas metrológicos. Ignorância, erros e menosprezo metrológicos correntes.

Medidas e medições para todos

Crónicas de reflexão sobre medidas e medições. Histórias quase banais sobre temas metrológicos. Ignorância, erros e menosprezo metrológicos correntes.

MEDIR A INTELIGÊNCIA

MEDIR A INTELIGÊNCIA

Medir, imperativo civilizacional?

                 

Aquilo que nós passámos não dá para medir com um metro nem pesar com uma balança (“O fim do homem soviético” – Svetlana Aleksievitch).

Não se pode medir uma grandeza que não está (bem) definida de modo objetivo (e universal) e da qual não se conhecem relações com outras grandezas mensuráveis.

Quando lemos que D. João II (o “Príncipe Perfeito”, rei de Portugal) era mais inteligente do que o Infante D. Henrique (o das Navegações, Caminhos Marítimos, Descobertas, Achamentos, Reconhecimentos), gostaríamos de saber quanto mais inteligente: 20%?!, 30%?!, 50%?!

(Ocorre dizer da inteligência o que alguém dizia da “qualidade”: não sei o que é, mas reconheço-a quando a vejo.)

Também não sabemos abaixo de que valores da inteligência começa a estupidez, já que, aparentemente, uma seria a antinomia da outra. (Mas sabemos, pelo pH, quando acaba a acidez e começa a alcalinidade.)

A inteligência pode variar episodicamente: quem beber muito (álcool) fica transitoriamente menos inteligente – pese embora, em geral, fique mais desinibido!, com mais inteligência emocional(?!) –, mas, não perde altura, nem peso, nem perímetro abdominal!

Mede-se a inteligência através do(s) QI – Quociente(s) de Inteligência! (Parece haver várias métricas e variedades de inteligência.)

Einstein atingiu 160, tal como Bill Gates, mas uma adolescente inglesa que mediu o seu QI em 2014 conseguiu um pouco mais do que eles.

(Há quem diga que “inteligência” é o que resulta da determinação do QI!)

O QI não tem unidades; o QI é adimensional, como um juro, ou um ratio. (Há gente com elevado QI e comportamento risível: nabos inteligentes?!)

Há vários critérios e escalas para medir a inteligência.

O valor da medida da inteligência depende das técnicas, dos métodos e dos procedimentos de medição: não tem – para já – grande reprodutibilidade, um conceito (técnico) metrológico.

E certamente, também a beleza, a fé e a felicidade, entre muitas outras virtudes, capacidades e talentos seriam (se quiséssemos) mensuráveis.

Também ousamos medir, por exemplo, o desenvolvimento económico, social e cultural de uma comunidade. Ou, entre outros, pesar um desastre, em euros, ou outra unidade monetária.

Dizem os especialistas que há inteligências e não a inteligência: há inteligência para o xadrez, inteligência para a matemática, inteligência para os negócios, entre muitas outras modalidades. São dezenas e dezenas de inteligências caracterizadas pelos estudiosos (da inteligência). (Há idiotas inteligentes?!)

Se a inteligência (um talento, não uma grandeza) é essencialmente a capacidade de adaptação, então, até as amibas são inteligentes! Sem esquecer os caracóis, as sardinhas e os crocodilos.

Não se mede o movimento (um fenómeno): mede-se distâncias, velocidades e acelerações, por exemplo. Não se mede a luz: mede-se a sua velocidade, a(s) sua(s) frequências e o(s) seu(s) comprimento(s) de onda, entre outras grandezas.

Em determinadas áreas, corporações e atividades, pretende-se medir o mérito; frequentemente, os proponentes de critérios e medidas do mérito costumam ficar bem classificados, ou medidos, de acordo com esses mesmos critérios e medidas. (O mérito será um fator que promove e desenvolve a desigualdade?!)

Medir não é só uma compulsão e um imperativo civilizacional: às vezes é também uma atitude e um processo oportunista.

 

2021-12-09

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub