EVOLUÇÃO METROLÓGICA
EVOLUÇÃO METROLÓGICA
Terminologia e instrumentos
A Metrologia ainda não está tão estabilizada como outros ramos do conhecimento, do saber e do fazer. (Contudo, hoje, nada parece estabilizado.)
Apesar da ancestralidade da metrologia prática, a Metrologia (teórica) é ainda relativamente recente, como recente é o seu diálogo com a Ciência, a Indústria, o Comércio e a Tecnologia tout court.
(Hoje em dia quase todos estão familiarizados com novidades metrológicas e sabem, entre muitas novidades, para que serve, por exemplo, o oxímetro.)
Um outro ramo da Metrologia não despiciendo e de relevância para o cidadão comum, sem que em geral ele se dê conta disso, é a Metrologia Legal.
Todavia, as novidades metrológicas mais frequentes são sobretudo e predominantemente tecnológicas, ainda que muitas delas de grande sofisticação.
Para o cidadão comum (e não só), é espantosa a sofisticação, por exemplo, dos sistemas de deteção e medição das ondas gravitacionais. Mas não deixa de ser também espantoso o progresso na multiplicidade de sistemas, ainda que quase domésticos, que medem por exemplo, a poluição, a composição de substâncias e as grandezas biofísicas.
Porém, o progresso (metrológico) materializado em algumas novidades são de âmbito local, regional e quase paroquial; outras são terminológicas, lexicais, quase irrelevantes.
Por exemplo, a recomendação (VIM 2012) de que se deve escrever (em português) kilograma*, em vez de quilograma, por que, segundo a nova ortografia, o “k” já integra o alfabeto português, não é seguramente um grande avanço, embora seja um progresso na uniformização e universalização da terminologia (metrológica). (O rigor elimina as ambiguidades, atropelos e conflitos.)
Mudou (em 20 de maio de 2019) a definição de kilograma (embora isso não tenha consequências nas pesagens correntes); e mudou o padrão desta unidade.
Mudaram também, na mesma data, as definições do ampere (unidade de base SI de intensidade de corrente elétrica, símbolo, A); da mole (do mol, em brasileiro, símbolo, mol; unidade de base de quantidade de matéria, também conhecida como a ”dúzia” dos químicos, aparentemente irrelevante em outras áreas, e candidata à despromoção como unidade de base do SI), e do kelvin (unidade de base SI de temperatura absoluta, símbolo, K) e os respetivos padrões metrológicos.
* De modo idêntico, dever‑se‑ia escrever kilometro – com duas alterações relativamente à forma antiga, quilómetro: k, em vez de qu, e o, em vez de ó.
A forma kilometro, em vez de kilómetro, justificar-se-ia pela regra do SI que diz que os nomes dos múltiplos e submúltiplos das unidades se formam apondo os prefixos (SI) às designações das unidades: o prefixo é kilo-, e não kiló-, e muito menos quiló-; e a utilização da letra “k”, agora que já integra o alfabeto português. (Todavia, as regras gramaticais de cada língua não são facilmente descartáveis.)
Assim, por exemplo, também deveríamos escrever “milimetro”, uma palavra grave, com acento tónico em /me/, e sem acento gráfico (antigamente, “milímetro”, uma palavra esdrúxula, com acentos tónico e gráfico em /lí/); “centimetro” em vez de “centímetro” e decametro em vez de decâmetro, entre outras unidades.
2021‑12‑16