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Medidas e medições para todos

Crónicas de reflexão sobre medidas e medições. Histórias quase banais sobre temas metrológicos. Ignorância, erros e menosprezo metrológicos correntes.

Medidas e medições para todos

Crónicas de reflexão sobre medidas e medições. Histórias quase banais sobre temas metrológicos. Ignorância, erros e menosprezo metrológicos correntes.

ERRO METROLÓGICO RELATIVO

ERRO METROLÓGICO RELATIVO

Incerteza metrológica relativa

 

Na literatura técnica metrológica corrente, nem sempre, ou raramente, se distingue entre erro e incerteza. E, frequentemente, quando se diz “erro”, ou “erro relativo”, dever-se-ia dizer “incerteza”, ou “incerteza relativa”.

Consciente, ou inconscientemente, os dois termos são confundidos, misturados, equiparados, como se fossem designações alternativas do mesmo conceito.

Os erros (metrológicos), quando não são clandestinos, são geralmente corrigidos, ou até evitáveis. A incerteza (metrológica), não: é controlável, mas incontornável.

Determinar a incerteza (metrológica) é determinar o intervalo de valores à volta da medida onde esperamos que, com uma determinada probabilidade, esteja o valor verdadeiro, ou o valor exato de uma mensuranda (mensurando, em brasileiro). Todavia, nem dentro do intervalo de incerteza está garantida a presença do valor exato da mensuranda, já que a probabilidade de estar é sempre inferior a um (1), inferior a cem por cento (100%).

Porém, se fosse possível conhecer o valor exato, ou o valor verdadeiro da mensuranda, para que seriam necessárias todas as considerações, teorias e cálculos com erros, erros absolutos e erros relativos e incertezas?

O valor verdadeiro é só um conceito, uma ideia, uma abstração. Como diria Platão, é uma enteléquia (depositada no Olimpo).

Definir o que é o valor verdadeiro não é difícil; difícil, ou impossível, é conhecê‑lo, ou fixá-lo! Mas podemos convencionar o valor verdadeiro*. E podemos estabelecer, com probabilidade conhecida, o intervalo dentro do qual estará o valor verdadeiro.

Em geral, não é difícil, nem complicado fazer estimativas do valor verdadeiro de uma mensuranda. Qualquer medida da mensuranda é uma estimativa (ora boa, ora , ou menos boa) da mesma.

Contudo, uma estimativa do valor verdadeiro (da mensuranda) não é o valor verdadeiro! Frequentemente, feitas várias medições e obtidas várias medidas de uma mensuranda, calcula‑se a respetiva média aritmética para assim se obter a melhor estimativa do verdadeiro valor que pode ser feita com aqueles valores.

O valor da incerteza poderá ser idêntico para duas determinadas medidas de duas grandezas da mesma natureza – comprimentos, por exemplo –, todavia, poderá haver mais qualidade numa das medidas do que na outra. Depende, por exemplo, da incerteza relativa: quanto mais baixa for a incerteza relativa, melhor a medida, ou a qualidade da medida, embora isso tenha um custo adicional: melhor qualidade, custos mais elevados.

Uma medida de valor nominal de dez metros (10,00 m) com uma incerteza de um centímetro (1 cm) é melhor do que outra medida com a mesma incerteza (1 cm), mas de valor nominal de um metro (1,00 m). Na primeira, a incerteza relativa é 0,1% (1 cm/10 m=1 cm/1000 cm=1/1000=0,0011‰ 0,1%**); na outra, a incerteza relativa é 1% (1 cm/1 m=1 cm/100 cm=1/100=0,011%).

A incerteza relativa permite avaliar a qualidade da medida: em princípio, quanto menor for o valor da incerteza relativa melhor será a qualidade da medida.

 

*Apesar das medições e medidas da velocidade da luz, o valor adotado como constante universal (c0) é um valor convencionado.

 

**Em muitas áreas, a razão 0,01 representa-se por 1%; a razão 0,05 representa‑se por 5% e do mesmo modo com um número indeterminado de valores.

 

2018-03-22

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