Medir o que comer, para, por exemplo, sermos saudáveis; medir para evitarmos adoecer; e medir para não desperdiçarmos comida. Há muitas razões, motivos e justificações para medirmos o que comemos, ou o que tencionamos comer.
Medimos (ou devíamos medir, segundo os/as especialistas) o que comemos e bebemos, ao quilo, ao grama, ao litro e à caloria, entre outras unidades, referências e bitolas.
(Aparentemente, o peso, a altura, o sexo – ou o género? – e o modo de vida do comensal parecem não entrar nas equações da maioria dos nutricionistas.)
Também se deve medir para diminuir custos e evitar desperdício de comida. Desperdiçar é agora (no mínimo) um pecado social, mas é sobretudo uma demonstração de ineficiência (uma combinação de ignorância, inépcia ou menosprezo, entre outros fatores).
Quase todas as embalagens de géneros alimentícios apresentam rótulos com um conjunto de medidas*, desde o volume ou peso do conteúdo à composição e ao valor energético. (Por vezes, só com lupa, ou outras ajudas óticas é que conseguimos ler os rótulos; mas muito poucos os leem, e grande parte dos que os leem não consegue atribuir sentido ou significado a todos aqueles dados, isto é, não retira informação dos mesmos (dados).
E o rigor, a exatidão e a veracidade dos dados naqueles rótulos?, quem os garante?! E quem garante os garantidores?!!)
Isto, aparentemente, constitui um modismo, alegadamente, a bem da saúde e da informação ao freguês e, sobretudo, em cumprimento de normativos em vigor, mas também seguidismo nas novas cultura e era.
Todavia, quem sabe o que é a “saúde”? e a vida**?; como ousar decidir o que é, ou não é saudável para cada um, sendo nós todos diferentes, muito diferentes uns dos outros?!
(Contudo, parece ser melhor termos uma má definição de “saúde” do que não termos definição alguma.)
Mas, não faltam definições de “saúde”; difícil é operacionalizá-las.
(Aliás, dizia um especialista: – ter saúde não augura nada de bom!)
Quanto à comida, parece ser mais fácil identificar o que (notória e convencionalmente) não é saudável.
Que quantidade cozinhar para 5 pessoas? Além dos pesos e volumes, conviria quantificar e acautelar as calorias (?!); a quantidade de lípidos e de glícidos, vitaminas e fibras***, entre outras substâncias, ou produtos.
No entanto, na gastronomia (e na culinária) estamos mais habituados à dose, à meia-dose e outras unidades caseiras do que à caloria.
* Rótulo (real) de um frasco (real) de azeitonas (sic): por cada 100 g [de azeitonas]: energia: 689 kJ, ou 167 kcal; lípidos: 16 g, dos quais 2,0 g saturados dos quais, açúcares 0,5 g; fibra 4,5 g; proteínas 1,2 g; sal 6,0 g; calibre 231/260.
(O calibre não faz mal nem bem à saúde; a não ser pelo eventual bloqueio da garganta por um caroço ou pela própria azeitona.)
** “Vida: doença hereditária, sexualmente transmissível e fatal”.
*** Que termos, palavras e linguagem do domínio da alimentação serão prevalentes dentro de vinte anos?
Porém, zero euro (0 €), é o mesmo que zero yen (0 ¥); zero yen é o mesmo que zero libra (0 £); e todos os zeros monetários são iguais entre si, e iguais à absoluta indigência económico‑financeira.
(Pomos de parte os valores negativos, os valores das dívidas de todos e de cada um, o que é uma banalidade globalizada e generalizada no mundo atual.)
Quando as grandezas são nulas, em princípio, são todas iguais, apesar das diferentes unidades. E quando são próximas de “zero”, são quase iguais. Mas, nem sempre.
Sabemos o que é a “velocidade zero”: é o “repouso” *.
Todavia, à temperatura de 0 °C (temperatura “zero”?) alguns termómetros marcarão 32 °F e outros, cerca de 273 K **.
(Nas escalas logarítmicas, como por exemplo, nas escalas dos sonómetros, o “zero” – o logaritmo zero – não corresponde à ausência da grandeza; corresponde a uma intensidade padrão – logaritmo de “1” – para o início da contagem, ou medição.)
Por sua vez, 0 °F corresponde a cerca de 255 K; nada que se compare ao “frio absoluto”, à “temperatura zero”. (Contudo, o zero absoluto seria inatingível, segundo o terceiro postulado, ou terceiro princípio da Termodinâmica, também conhecido como “terceira lei da Termodinâmica”.)
Os relógios reiniciam a contagem (do tempo) quando atingem as 12 h; raramente fazem ciclos de 24 h.
O “tempo de Greenwhich” não é o tempo de Buenos Aires; “zero hora” (“zero horas”, em linguagem corrente), em Lisboa, não coincide com a “zero hora” em Santiago do Chile.
Quando, em Portugal, se indica ou noticia a hora do começo de um evento, por exemplo, um evento desportivo num país estrangeiro, convém resolver a ambiguidade indicando a hora correspondente em Portugal.
Católicos e muçulmanos não têm o mesmo calendário; vivem em anos diferentes. (2023, para nós, não é o mesmo que para judeus, e é diferente para muçulmanos.)
Sabemos, em Portugal, quando começa o novo ano (civil), mas nem todos sabemos quando começa, entre outros, o ano judicial, o ano escolar (há vários, consoante o ciclo ou nível escolar!), ou o ano lunar.
* E estaremos em repouso relativo, quer a nossa velocidade seja de 0 km/h, 0 mph, em terra, ou 0 mn (kt, kn, milhas náuticas), no mar.
(Aparentemente, não há fotões em repouso; e, naturalmente, em repouso, a massa dos fotões é “zero”.)
Todavia, 1 bar de pressão atmosférica não é o mesmo que 1 bar num pneu de um carro: 1 bar na pressão atmosférica é uma “pressão absoluta” (medida no barómetro); 1 bar num manómetro que mede a pressão de um pneu é uma medida diferencial (em relação à pressão atmosférica): um pneu sem pressão é um pneu à pressão atmosférica.
(A pressão atmosférica é medida com barómetros; a pressão em depósitos de ar comprimido é medida com manómetros.)
** Também a altura de um monte não é a altitude do mesmo: são diferentes os pontos de partida, ou de “referência zero”, na medição de uma e de outra grandezas.
Não há “medidas futuras”: só há medidas presentes e medidas passadas, umas e outras eventualmente questionáveis (em diferentes graus, planos e intensidades).
Não há medidas sem medições: projeções e previsões não são medições; projeções e previsões geralmente são extrapolações* de medidas, ou de dados de outras medições, ou recolhas.
(Alguns instrumentos de medição são tão maus, tão pouco confiáveis, que são mais dispositivos de estimar, de fazer estimativas, do que instrumentos de medição. Aparentemente, poderíamos considerá‑los instrumentos de perceção, de estimação, e não de medição.)
As especificações de dimensões (por exemplo, em projetos) são uma espécie de medidas futuras já que antecipam as medidas que esperamos quando a obra, ou o produto estiverem prontos.
Estamos familiarizados com previsões meteorológicas da temperatura para amanhã, para o Porto: máxima 18 °C, mínima 7 °C **.
Estes valores ainda não são medidas, mas são antecipações dos resultados das medições que serão feitas amanhã ?!).
Interpolações (além das extrapolações) também são … estimativas.
O que se observa e mede num pequeno período, ou intervalo de tempo mais ou menos curto, por exemplo, relativamente a uma máquina, poderá permitir antecipar, por extrapolação, com probabilidade apreciável, o que sucederá ao fim de um lapso de tempo mais longo. (O controlo que geralmente temos sobre os fatores que comandam a máquina, ou o processo, garantem a quase exatidão das extrapolações.)
Quando se orçamenta, por exemplo, uma obra de construção civil (um complexo de habitações, entre outros), antecipa‑se a quantidade de metros cúbicos de areia, o número de quilogramas (kilogramas, kg) de cimento, a quantidade de metros quadrados de revestimento, entre muitos outros fatores necessários para a execução da mesma obra.
Com frequência, quando se projeta ao pormenor e se produz ou se constrói uma máquina, uma ponte, uma barragem, as medições feitas na obra não se afastam (significativamente) dos valores físicos ou económicos impostos/previstos/calculados. E isto constitui o fundamento, a aceitação e a relevância da(s) Engenharia(s).
* Não conseguimos ver tudo no passado, nem algo no futuro, contudo, com frequência, a Matemática (ou os modelos matemáticos em várias áreas científicas e tecnológicas) guia‑nos no escuro, na sombra do futuro e na penumbra do passado.
Podemos prever com grande exatidão, por exemplo, a velocidade e o instante de chegada de uma esfera largada do alto de uma torre de vinte metros (20 m) de altura à base da mesma (torre).
Afinal, “o mundo terá sidofeito com conta, peso e medida”; ou não?!
** Na verdade, as expressões – expeditas, mas incorretas – nos média (mídia, em brasileiro e português estrangeirado) costumam ser: max 18º; min 7º. (E é provável que também nos tenhamos habituado a outros erros – e eventuais manipulações – dos média, das instituições públicas e dos líderes de várias espécies.)
Todavia, à vezes, já olhamos para as previsões do tempo atmosférico como se de medidas se tratasse.
As pessoas sopesam; ajudadas pelas balanças, as pessoas pesam*.
Com a balança determinamos a massa; e o balconista dos correios, quando sopesa, o que faz?: avalia a massa (peso), ou o peso (aproximadamente a força gravítica sobre a massa)?!
Para sopesar, costumamos oscilar verticalmente a mão que suporta o objeto (como fazemos e vemos fazer, por exemplo, no mercado, principalmente com laranjas e, às vezes, com melões, entre outros frutos); com este método só poderíamos sentir a força gravítica e a de inércia (quando se inverte o sentido do movimento para‑baixo‑e‑para‑cima) provocadas pelo objeto sobre a mão/braço que oscilamos. Aparentemente, quando sopesamos**, avaliamos o peso, não a massa***.
Um especialista em iluminação consegue estimar/avaliar com razoabilidade, por exemplo, a potência luminosa ou a intensidade luminosa de uma determinada lâmpada acesa.
E outras capacidades humanas idênticas, para diferentes avaliações das intensidades de outras grandezas, são comuns a uma grande quantidade de outros profissionais em diversas áreas.
* As balanças não pesam, quem pesa são as pessoas, os metrólogos, os medidores, auxiliados pelas … balanças.
Além disso, as balanças são dispositivos metrológicos para determinar a massa (não o peso) dos corpos, e, de acordo com esse propósito, as respetivas graduações, escalas, ou valores, nos visores, são formatados para a indicação da massa.
** No mercado, quando sopesamos, por exemplo, laranjas, não avaliamos o peso, mas avaliamos as diferenças de peso que sentimos quando sopesamos várias laranjas. (Contudo, para os expert, sopesando uma laranja já dá para fazer uma avaliação, como se tivessem um padrão mental de perceção da relação entre tamanho e peso da mesma laranja.)
*** A maioria das balanças é constituída por dispositivos dinamométricos graduados em unidades de massa. Estas balanças devem ser ajustadas, entre outras situações e circunstâncias, quando a balança é deslocada entre sítios com diferentes valores da aceleração da gravidade, por exemplo, quando as levamos do vale para o pico da montanha.
Neste processo de usar a mesma balança (de tipo dinamométrico) para determinar a massa, quando nos mudamos do vale para a montanha, a massa mantem-se, mas o peso (aquilo que sensibiliza a balança – um dispositivo dinamométrico) diminui; a balança tem que ser ajustada, depois de (re)calibrada.
Com as antigas balanças de Roberval, comparava‑se as massas (massas‑padrão e massas‑a‑determinar) colocadas em cada um dos dois pratos da mesma: a massa‑a‑pesar de um lado e as massas‑padrão (os pesos) do outro lado, ou outro prato. Não havia necessidade de ajustes quando se mudava a balança entre sítios com diferentes acelerações da gravidade porque a variação do valor da aceleração da gravidade afeta do mesmo modo a massa‑padrão (os diferentes “pesos”, geralmente em ferro fundido, ou latão, que acompanhavam as balanças) e a “massa‑a‑determinar”.