INSTRUMENTOS UNIVERSAIS?
INSTRUMENTOS UNIVERSAIS?
A cada grandeza, vários instrumentos de medição
Não medimos as estrelas com os instrumentos de medir as moléculas.
Não há instrumentos de medição universais, mesmo para uma só grandeza.
Em geral, não há um só tipo de instrumentos usados para a medição de todo o domínio de uma grandeza. A cada grandeza específica correspondem variados tipos de instrumentos de medição.
Há uma variedade de instrumentos de medição que usam diferentes princípios metrológicos, ou fenómenos físicos, para medir a mesma grandeza, por exemplo: radiação (pirómetros), dilatometria (termómetros clínicos clássicos) e diferença de potencial elétrico (termopares) para a medição da temperatura.
Não medimos o tempo das nossas vidas com relógios comuns: os relógios em geral não dão anos. Também não medimos o tempo geológico, nem o tempo cósmico com relógios comuns. Além disso, a cada vinte e quatro, ou, mais correntemente, a cada doze horas, os relógios comuns recomeçam a contagem: um relógio parado está certo duas vezes por dia. Os relógios comuns replicam o paradigma dos relógios solares: a cada novo dia recomeça tudo de novo, uma nova medição, uma nova contagem.
Não podemos medir a temperatura de uma liga metálica fundida, em pleno estado líquido, num forno siderúrgico, com um termómetro “cirúrgico”, clínico. Nem medimos a temperatura do óleo aquecido na frigideira com o termómetro clínico. A cada gama de temperaturas, cada tipo de termómetro. Por exemplo, para as temperaturas elevadas, geralmente acima da temperatura de incandescência, são usados pirómetros.
Também não se pesa ouro na balança de pesar batatas. Nem a distância entre Porto e Lisboa se mede com a cadeia de agrimensor (ainda haverá agrimensores?).
A cada tipo de instrumento de medição, cada gama de valores.
São vários os tipos de instrumentos para a medição de uma grandeza; entre outras características, a intensidade ou valor da grandeza a medir determina o tipo de instrumento a usar.
É provável que alguns grandes bebedores, soprando no alcoolímetro (ou bafômetro, em brasileiro) mais comum, “rebentassem a escala”, como se diz em calão verbal. Isto é, para se medir bem a alcoolemia de alguém que tivesse bebido para além do limite superior do alcoolímetro comum, seria necessário outro tipo de alcoolímetro.
Porém, não é só com termómetros, balanças e alcoolímetros que se impõe a necessidade da variedade de instrumentos: não há instrumentos que possam ser usados para o intervalo global corrente dos valores de uma grandeza.
Para cada grandeza, não há um só tipo de instrumento, mas vários tipos. A intensidade, ou valor da grandeza a medir, a incerteza aceitável e a resolução adequada, por exemplo, são determinantes para a seleção do instrumento a usar em cada medição.
Os velocímetros dos nossos carros não são todos do mesmo tipo; os radares das autoridades também não: estão construídos com base em princípios metrológicos diferentes dos dos velocímetros instalados nos carros que são diferentes entre si; e o GPS determina a velocidade (dos carros, por exemplo) com técnicas e métodos diferentes dos dos cinemómetros e dos dos velocímetros.
Quando está garantida a rastreabilidade metrológica das medidas, há consistência dos resultados das medições feitas com instrumentos de diferentes tipos e condições.
2016-07-07